quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Leque

Não é simplesmente ir embora, por mais que se queira, por um momento, que fosse apenas ir embora. Não se apaga a luz e tranca a porta de uma vida inteira pra colher outra nova em outro lugar. Se fosse assim seria fácil. Se não bom, pelo menos absolutamente cômodo. Mas de forma alguma é assim.
Os problemas que se sonha deixar pra trás, somam-se aos novos que se encontra por aqui, e bola de neve,sabe-se: uma hora vai estourar. 
Na verdade é um sonho burlesco achar que 'indo', tudo vai melhorar.
Diariamente o confronto no espelho mostra que já não sei mais quem sou. Me vejo repintada de novas formas, de todas as formas aqui. "-Mas dessa forma me deforma!". Cadê a imagem que reconhecia de mim?
As raízes tão fundas que fiz doem-me, secam e esturricam pois necessitam de mais. Precisam de mais daquilo que por tanto tempo me manteve em pé, e mantêm tanto quanto afasta. E o significado da palavra 'saudade' é ruminado em diversos sabores.
Mas, apesar de tudo, e de tanto mais que posso falar, o poder de escolha, o cuidar-se, o objeto, o desconhecido, a sensação única de ter a própria vida pra si. A beleza de aprender a sambar e sair da peleja sorrindo. Descobrir. Ter medo e parar de tremer. Carregar a própria história como impulso e não buraco. Lutar para ser detentora da própria história. Por essas e por outras, que foi apenas o primeiro passo. 
Carrego em mim e sou mais do que carregada pelo sentimento daqueles que me tem. Carrego abraços muito mais apertados e também a saudade, pra onde quer que eu vá, pois tudo já me faz falta sempre vai faltar um pedaço.