No dia
seguinte o trote, a apresentação. Aqueles treze cigarros que fumei
compulsivamente na frente do auditório da apresentação, com aqueles que seriam
meus colegas de sala, alguns prováveis amigos, alguns que eu não gostaria,
outros que eu nem saberia o nome, pelos próximos quatro, quem sabe cinco anos.
Foi engraçado as coisas que passaram pela minha cabeça. Todo mundo se olhando,
curioso, apavorado, tímido, descolado. Depois o trote... ele vem e avassala com
todos os seus receios, não porque te faz sentir segura, mas porque não te dá
espaço para ter receio. Fui pintada, simulei que morria tomando tiros de uma
metralhadora, outro carregou a pedra filosofal quilômetros, além do pedágio, no
sol que eu não sabia, mas só São Carlos tem. O almoço barato e delicioso,
aquelas figuras que depois eu nem reconheceria sem a tinta. Voltando desse
pedágio me perdi umas três horas pelo bairro, encontrando uma sensação horrível
de que não sabia cuidar de mim mesma.
Assim
foi minha primeira semana em São Carlos, permeada por dias áridos e de poucas
expectativas, com noites apaixonantes, cheias de descobertas. Dias extensos,
que nunca mais se acabavam. Que a cada momento fixavam em mim, uma nova
impressão, a noção sem contornos do seria então meu mundo. Aprendi nessa
primeira semana a amar e a odiar esse lugar. Amar suas esquinas, e desviar
enojada de todas essas burocracias, essas mesquinhezes que rodeiam as
instituições. Aqui a necessidade se prova com inúmeros documentos, ou com uma
conversa simples com aqueles que já passaram pelo mesmo que você. E o que não
me faltou foi esse auxílio, cada dia que passei antes de conseguir minha vaga na
moradia, foi em uma casa diferente, em cada casa, senti o acolhimento, a ajuda,
daqueles que também precisaram e assim como eu, a encontraram.
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