O que eu queria colocar naquelas malas, nem de longe caberia. Então fui resignada, dobrando as roupas, junto com os sentimentos, esmagando-as naquele espaço pequeno que tanta coisa deveria levar. Tudo o que eu precisava na vida. Mas tantas coisas precisava levar e não podia.
Fazer as malas. Um misto de necessidade preventiva, e revolta. Os objetos tornam-se obsoletos, tanto quanto essenciais. O que sobrou do meu mundo de vinte anos de re-conhecimento? Vinte anos no mesmo lugar, tantas raízes... quando comecei a amadurecer, quando os frutos começaram quem sabe a despontar... enfim, todas essas coisas de fins e recomeços... fica pra outra hora.
Fiz as malas disse tchau e parti.
Foi simplesmente isso. Foi só adeus. Um obrigada pela atenção, mando notícias. Ligo quando chegar.
Foi só isso e nada mais. Minha avó ficou no quarto porque as costas doíam, e minha mãe não saiu na rua pra dar tchau pelo sol. Os amigos na rodô, foi pelas inúmeras malas, não poderia carregá-las sozinhas. O último abraço, o último abraço em que reconheceria aquela intimidade... talvez a ficha tenha começado a cair nesse momento. Talvez não.
O que levar nas malas:
- basicamente o que vai esquecer em cima da cama.
Um comentário:
O clichê Fernando Pessoa disse: "Não evoluo, viajo."
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