quinta-feira, 10 de maio de 2012

Malas prontas

  Fazer as malas. Foi impulsivo, de susto, ainda embalada pela noite passada, com sono de entontecer a mente. 
  O que eu queria colocar naquelas malas, nem de longe caberia. Então fui resignada, dobrando as roupas, junto com os sentimentos, esmagando-as naquele espaço pequeno que tanta coisa deveria levar. Tudo o que eu precisava na vida. Mas tantas coisas precisava levar e não podia.
  Fazer as malas. Um misto de necessidade preventiva, e revolta. Os objetos tornam-se obsoletos, tanto quanto essenciais. O que  sobrou do meu mundo de vinte anos de re-conhecimento? Vinte anos no mesmo lugar, tantas raízes... quando comecei a amadurecer, quando os frutos começaram quem sabe a despontar... enfim, todas essas coisas de fins e recomeços... fica pra outra hora.
  Fiz as malas disse tchau e parti.
  Foi simplesmente isso. Foi só adeus. Um obrigada pela atenção, mando notícias. Ligo quando chegar.
  Foi só isso e nada mais. Minha avó ficou no quarto porque as costas doíam, e minha mãe não saiu na rua pra dar tchau pelo sol. Os amigos na rodô, foi pelas inúmeras malas, não poderia carregá-las sozinhas. O último abraço, o último abraço em que reconheceria aquela intimidade... talvez a ficha tenha começado a cair nesse momento. Talvez não.
  




O que levar nas malas:

  • basicamente o que vai esquecer em cima da cama.

Um comentário:

Isabela disse...

O clichê Fernando Pessoa disse: "Não evoluo, viajo."